Daniel Pedrogam
fotografo de almas e sentimentos!
quinta-feira, 17 de maio de 2018
quarta-feira, 9 de maio de 2018
o olhar
o olhar
um dia cruzei-me com esse teu olhar
não sei o que vi,
não sei o que senti,
mas sei que me assaltou.
assaltou-me a alma
e levou com ele algo
algo maravilhoso e que sinto falta
por favor devolve-me o que me levaste
sim, não sabes que o fizeste
mas fizeste-o mesmo sem querer
chama-se alegria
e preciso dela para voltar a ser quem fui
sim foi o teu olhar
esse ladrão de sonhos
sei que não tens culpa
e muito menos és cúmplice
a culpa foi minha que o deixei ir
na minha humilde ignorância
de que seria tudo sem ela
que engano sem ela não sou
nem serei ninguém
devolve-me por favor esse pedaço de mim.
não sei se serei capaz de voltar a cruzar esse teu olhar
e se me devolveres a alegria
e levares outra parte de mim?
Texto e foto:Daniel Pedrogam
Modelo: Joana Franco
Assistentes: Joze Anthonyo Cavaco e Paulo Demétrio
somente semente
somente semente
não sei como aqui vim parar
estou aqui
á espera
de desabrochar
de criar raízes
sinto falta de água
será que serei uma grande árvore?
será que darei frutos?
será que só darei sombra?
será que serei abrigo de animais?
será que darei uma boa casa?
são muitos os serás
mas será o que tiver de ser
espero na ânsia de ser o que for
mas quero ser
uma grande árvore
dar uns belos e saborosos frutos
e dar muita sombra a quem me procurar nos dias de muito sol
e ser abrigo nas tempestades
até lá fico aqui
um dia serei…
se for…
sexta-feira, 27 de abril de 2018
Bad Jesus
Numa das minhas saídas para fazer voluntariado na Gare do Oriente, levei pela segunda vez a máquina e os flashes para fotografar as pessoas que lá vão buscar comida, encontrei lá o Mazam, e convidei-o para vir fazer umas fotos, ele veio logo e depois não me largou mais, o problema é que ele é Sírio e eu perdi o meu inglês, não consigo falar nada depois que fiquei doente, aos poucos lá fui dizendo o que queria dele, mandava-o dar-me um olhar mais forte e lá consegui fazer a foto que tenho aqui, uma das melhores do meu portfólio...
Na semana seguinte, ontem dia 26.04, fui imprimir as fotos que tinha feito na semana passada e a dele imprimi em grande 20x15 e comprei-lhe uma moldura, já sabia qual ia comprar, só existia uma com esta medida, mas afinal apareceu uma com uma cor melhor para esta imagem... tinha comprado uma verde para o meu tio que condizia com a camisola dele, agora tinha outra para ele.
Quando postei na net o titulo da imagem era Bad Jesus e não sei porque lhe dei esse titulo, ele não gostou quando disse o titulo da foto, mas ficou tão contente com a fotografia que mostrava a foto a toda a gente, quando lhe fiz a foto dele com a moldura apareceu-me assim:
Vejam lá se não parece estar possuído.... ahahhahah
Grande Mazam, obrigado pela tua disponibilidade e me dares uma das fotos mais fortes que tenho!
domingo, 22 de abril de 2018
Transtorno Afetivo Bipolar
Gostava de um dia poder fazer uma exposição com fotos minhas da minha doença:
Aqui ficam elas:
O Estado normal tipo Zombie:
Uma prisão de um lado obscuro e de uma luz que aparece de vez em quando, um turbilhão de contradições:
Aqui ficam elas:
O Estado normal tipo Zombie:
Uma prisão de um lado obscuro e de uma luz que aparece de vez em quando, um turbilhão de contradições:
O estado depressivo em que não apetece fazer nada:
A Euforia exagerada:
O estado drogado de tanta medicação ter que tomar:
A loucura que está sempre presente na cabeça com vontade de cometer os piores erros!
O Estado em que ninguém sabe se estás a rir ou a gritar de dores.
Estás preso num corpo que não obedece aos teus sentimentos
Ficas tão contente que te apetece falar com toda a gente e ajudar todo o Mundo!
Prendeste a ti próprio em ideias sem lógica, medos irracionais e queres esconder-te do Mundo!
domingo, 8 de abril de 2018
a luta
E quando a vida e tu entram em luta
uma luta desigual
és o pequeno
demasiado pequeno
o medo de a enfrentares é enorme
sentes as energias quebrarem
mas estás no ringue
e decidiste lutar com ela
sem perceberes como
nem porquê
mas o momento é este
ou vences ou serás vencido
olhas nos olhos
ela está com raiva
tu tentas perceber como a vais derrubar
ela não te dá tempo para pensares em estratégias
o murro é tão forte que cais
mas cais de uma maneira tão forte no tapete
que todo o teu corpo deixa de reagir
a contagem começa
tens 10 segundos
nesse momento perdes tudo
o mundo deixa de existir para ti
mas continua a vibrar
com os que querem que te levantes e continues a lutar
e com os tantos que querem que morras
para ganharem nas apostas que fizeram
está quase a chegar aos 8, muitos viram as costas, está feito
mas do nada, o corpo começa num turbilhão
o sangue ganha força
o coração bate mais forte
a energia que havia saído do corpo como um sopro
regressa pelo nariz num ápice
sentes-te tonto
ouves umas vozes sumidas a pedir que te levantes
são poucas, não tens tempo
os tantos a quem te deste não estão a ver a luta
precisavas deles ali a gritar para te levantares
a energia deles faz-te falta
mas o tempo roubou-lhes a saudade de estarem presentes
ouves o número 9 e abres os olhos
mexes-te rápidamente, a contagem pára
tentas erguer-te
as forças são poucas
sentes-te tão fraco que nem sabes como te levantarás
mas aos poucos metes as mãos no chão
fazes força nos braços
levantas a cabeça
metes um pé bem assente no tapete
e de um só impulso levantas-te
mas tão rápido que a vida olha para ti
e não acredita que a vais enfrentar de novo
ela sabe que te vai vencer
estás fraco, mas tão fraco
que ela ri-se
um riso maquiavélico
enches o peito
fechas o punho
e pensas que se ganhares a luta
serás um vencedor
e que todos os que queriam que o 10 chegasse
irão sofrer com o dinheiro que vão perder
nas apostas que fizeram contra ti
de relance os teus olhos passam pela plateia
apenas vês uma ou duas pessoas
aquelas que vieram contigo
para te verem vencer e que gritavam
para te levantares
continuam a gritar
pensas na alegria que lhes darias
se vencesses a vida
mas não sabes como o poderás fazer
fechas os olhos
com uma raiva que não sabes de onde vem
queres parar aquele riso que troça de ti
e da tua pequena e magra figura
já fostes forte, mas agora já não o és
é o que diz o riso dela naquele som
um som que te irrita
de repente sentes uma energia
tão forte invadir o teu corpo
que sabes o nome dela, raiva
a energia age irracionalmente
não tens tempo de pensar
o teu corpo reage à velocidade da luz
num movimento brusco
o teu punho fechado recua
os joelhos fletem
rodas o tronco
e como se fosse uma mola
roda com toda a força
o teu braço parece o gatilho da arma
que dispara um tiro na cabeça
um tiro que não te é desconhecido
sim já o viste tirar-te o sorriso
mas agora o tiro é na vida que luta contra ti
não percebes como nem porquê
mas a tua mão bate com tanta violência
naquele rosto marcado de cicatrizes
feitas pela linha do tempo
que o riso pára num milésimo de segundo
ouves um silêncio
os que viraram costas e iam levantar
o dinheiro das apostas
rodam as cabeças para o ringue
ainda têm tempo de ver a vida
antes desta bater no tapete
sim desta vez é ela que vai ao tapete
não querem acreditar
voltam de novo ao lugar
começam a gritar para que a vida se levante
são tantos e o barulho imenso
sentes-te fraco com tanto som a entrar-te pelos ouvidos
tens medo que ela se volte a levantar
vais perder se acontecer
não tens mais forças
ela não reage
a contagem vai a meio e pedes para que chegue o 10
fazes tipo uma prece com muita força
deixas de ouvir os gritos
os olhos brilham
ouves o 8 e começas a ter esperanças
faltam dois segundos
parecem uma eternidade
oves o 10 e cais de joelhos
sentes-te triste e ao mesmo tempo alegre
é um misto de emoções, olhas para o lado
aquelas pessoas que gritavam por ti
choram de alegria
por momentos pensas naqueles que querias ali
para te verem a vencer, mas eles não estão
antes que o árbitro te levante o braço
para te declarar vencedor sais do ringue
e abraças a pessoa que mais gritou
ficou sem voz, não é precisa
a união é tão forte que sentes as lágrimas dela
no teu rosto suado e dorido
ela confessa, pensava que te tinha perdido
tu dizes-lhe: Amo-te
Vamos viver intensamente agora?
Estás decerto de tirar os calções
e tomar um banho frio
tirar a sujidade com que a vida te deixou
sair dali e ir saborear o teu prato favorito
repor energia e matar a fome
tens sede, queres celebrar
uma ânsia enorme de ver o sol
a tocar-te o rosto e o calor dele
fazer-te sentir-te amado
Saí rápido daí
os que te queriam morto estão com raiva
se não saíresseles matam-te
vira as costas e vai viver que a vida perdeu
Agora é o tempo da Vida ser tua! Ganhastes!
Aprendes-tes que só podes contar contigo!
Segue os passos que te levam para o caminho da felicidade
dá as mãos a quem te quis bem e sente!
Sabes o Feliz, não te lembres do Feliz, mas sim sê Feliz!!!
Texto e fotografia Daniel Pedrogam
Modelo: Paulo César
(para quem não sabe nem conhece o Paulo, esteve à beira da morte por causa de um Cancro, vence-o e agora está aqui entre nós.
Houve um reencontro de 3 pessoas que estiveram a passar maus momentos devido a doenças, todos eles com um vinco marcado na área da produção de imagem, o tempo apagou-nos os momentos durante anos, agora queremos vivê-los, além de imagens, também descobrimos imensas coisas em comum, a escrita, este é uma homenagem à luta que ele travou, eu travei a Fernanda travou e tantos outros travam diariamente, a Vida por vezes é injusta…cabe-nos a nós levantar-nos e lutar ou não… leve o tempo que levar até a combater-mos vale sempre a pena tentar, custa, mas um dia a vitória tem um sabor tão fascinante que tudo o que passas, vives, vês, saboreias, sentes será mais intenso ainda.)
Abraço a todos, mas especialmente a três pessoas que estiveram comigo nestes 5 anos de escuridão, a minha Mãe a Ana Paula e Margarida Antunes, é para vocês também este texto, vocês foram os únicos na minha plateia, obrigada pelos vossos gritos, estou em pé de novo, fiquem comigo e vamos viver agora!
domingo, 1 de abril de 2018
um dia, serás eu
não te vou contar tudo o que vivi
vais crescer e o tempo to dirá
vais ver um mundo diferente
outros objectos
outras cores
novos sentidos
novas lutas
outras conquistas
recordes a serem ultrapassados
impossíveis que já não o serão
Vais sentir coisas boas
o primeiro toque
as mãos dadas
o primeiro beijo
a primeira entrega total
amantes que fazem parar o tempo
viver amores impossíveis
paixões não respondidas
sofrer com as palavras duras
ter quem não te dá o que mereces
dos que não sentem o mesmo que tu
dos que te acham graça
dos que te amam
dos que gostam de estar ao teu lado
dos que fingem que não te vêem
dos que te dão desprezo
deixei o meu rasto nos sentimentos que dei
nos anos que trabalhei
nos meses que geri
nas semanas que passavam a correr
nas horas em que fui fraca e quebrei
nos minutos que vibrei
nos segundos que esperei
nos momentos que parei e olhei
no sabor que senti das coisas boas
no amargo que provei e gostei
no frio que senti ao entrar no mar
no calor de uma lareira
cruzei-me com muitas pessoas
simpáticas, arrogantes, engraçadas, frias
raças, etnias, géneros
rostos que nunca virás a ver
interessantes pensamentos
diferentes ideologias
feitios complicados
laços que se criam
palavras que ajudam
tons que chateiam
risos partilhados
choros sofridos pelas perdas
felicidade de novas amizades
pessoas que marcaram
pessoas que não mereceram o esforço
as saudades dolorosas dos que partem
passei em muitos locais
ruas cinzentas e estreitas
avenidas largas e cheias de tudo
espaços verdes com detalhes floridos
campos de colheitas a perder de vista
montanhas enormes que nos fazem pequeninos
sítios com energias fortes
cidades cruas e frias
aldeias vibrantes
vilas cheias de histórias
tive as minhas vitórias
as minhas conquistas
felicidades extremas
as derrotas duras
as cabeçadas na parede
as dores no peito
sim, tudo isso está escrito neste rosto
a cor desses momentos em cada marca
no tom do cabelo pintado pelo tempo
escrito na memória os sonhos de menina
dos que realizei porque dei o primeiro passo
os que deixei numa folha branca e nunca escreverei
os momentos bons que relembro
os momentos maus que me fizeram crescer
a experiência em cada ruga vincada
sê Feliz!
(texto e imagem de Daniel Pedrogam)
Modelos: Fátima Monteiro e Diana Barroso
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